Somente este ano, o PCC (Primeiro Comando da Capital) foi alvo de cinco operações policiais em Mato Grosso do Sul, em ações que vão além da apreensão de drogas, uma das “atividades-fim” da facção. Os mandados de busca e prisão objetivam atingir a coluna vertebral, mirando as finanças e estrutura de funcionamento do maior grupo criminoso do País.
A primeira grande operação foi desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) no dia 7 de fevereiro de 2019 denominada Yan-Yang, em que foram cumpridos 60 mandados, sendo 48 de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Umuarama (PR) e Mossoró (RN).
Os alvos exerciam várias funções na estrutura da facção, cuidando desde a convocação de novos integrantes dentro e fora dos presídios (os chamados “batismos”), como também são encarregados de crimes de tráfico de droga, roubos e homicídios.
No dia 26 de junho, foi a vez da PF (Polícia Federal) ir às ruas em nova ofensiva, agora, para desmantelar a rede de apoio montada para auxiliar os integrantes da facção. Foram encontradas as casas mantidas pelo PCC em Campo Grande, usadas para estadia provisória dos parentes dos criminosos presos no Estado que também eram beneficiados com passagens áereas. O serviço assistia, também, ao CV (Comando Vermelho) e FDN (Família do Norte)
Nesta ação, denominada Krimoj, os policiais cumpriram seis mandados em Campo Grande, entre eles, em imóvel com piscina localizado na Vila Bandeirantes. Outras duas residências ficam dentro de um mesmo condomínio, o Village Parati.
As investigações começaram em fevereiro de 2019, quando bilhetes com ameaças de morte a servidores públicos federais, por parte de membros do PCC, foram interceptados na Penitenciária Federal de Campo Grande.
Em agosto, a PF deflagrou duas operações, nos dias 6 e 9, com o mesmo alvo: o núcleo financeiro do PCC. A primeira, a Operação Cravada foi coordenada pela polícia do Paraná e cumpriu 30 mandados de prisão e 55 de busca em MS, PR, São Paulo, Acre, Roraima, Pernambuco e Minas Gerais. Em investigação iniciada em 2019, foi identificada a circulação de aproximadamente R$ 1 milhão por mês nas diversas contas utilizadas. As finanças eram comandadas de grupo estabelecido na Penitenciária Estadual de Piraquara (PR).
Os valores que transitavam entre as contas bloqueadas eram utilizados para pagar a aquisição de armas de fogo e de entorpecentes para a facção, além de custear transporte e manutenção da estadia de integrantes e familiares de membros da organização criminosa em locais próximos a presídios.
Bilhetes encontrados na investigação a Operação Cravada (Foto/Divulgação:PF)
Arma apreendida no cumprimento de mandados da Operação Caixa Forte (Foto/Divulgação:PF)
Três dias depois, a PF cumpriu 52 mandados de prisão, 48 de busca e apreensão e 45 de sequestro de valores e bloqueio de contas bancárias em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Esta foi a Operação Caixa Forte, coordenada pela polícia de Belo Horizonte (MG). Seis dos mandados de prisão foram contra presos com posição de liderança no esquema e atuam de dentro de unidades prisionais.
Na organização da facção criminosa, a polícia identificou a existência de setor chamado de Geral do Progresso, responsável por gerenciar o tráfico de drogas para garantir renda ao PCC e também lavar o dinheiro obtido com o comércio dos entorpecentes.
Várias pessoas eram cooptadas para “emprestar” as contas bancárias para o depósito dos valores. As pequenas quantias eram transferidas para outras contas ou sacadas em terminais de autoatendimento. As 45 contas identificadas foram bloqueadas.
Hoje, o Gaeco cumpre 15 mandados de prisão contra suspeitos de integrarem a facção. A ação faz parte de força-tarefa nacional articulada pelo GNCOC (Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas) que cumpre 300 mandados no País.
Em janeiro deste ano, em entrevista ao Campo Grande News, quando assumiu a superintendência da PF em MS, Cleo Mazzotti disse que a inteligência da polícia tem como alvo dificultar as ações dos grupos criminosos e “retirar o que realmente fomenta a organização criminosa, que é patrimônio”. Em 2018, MS foi o segundo estado no País em apreensão de bens ligados aos traficantes, R$ 87,08 milhões de total de R$ 451,534 milhões, representando 19,82%.
Fonte:Campograndenews
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