A emissora aposta no folhetim solar para manter a leveza do horário das seis durante a quarentena
Walther Negrão é acostumado a “apagar” incêndios na Globo. O tom popular e funcional de seu texto é sempre uma alternativa para a emissora quando a faixa das seis enfrenta alguma crise. Em meados de 2012, após a baixa repercussão de “Lado a Lado”, Negrão furou a fila do horário para desenvolver uma de suas especialidades: tramas praianas. Com “ecos” de “Top Model”, “Tropicaliente” e “Como Uma Onda”, o autor concebeu em 2013 a solar “Flor do Caribe”. Sete anos depois, o folhetim novamente é escalado em um momento de emergência. Por conta da paralisação dos Estúdios Globo provocada pela pandemia de coronavírus, a novela volta ao ar em uma edição especial a partir de hoje, dia 31 de agosto. “Idealizei essa novela pensando no público. Reciclei ideias que já tinham sido bem-sucedidas em outros trabalhos e busquei a clássica disputa entre o bem e o mal para reconquistar a audiência. Tudo tendo como referência a simplicidade da vida à beira-mar”, conceitua o autor.
“Flor do Caribe” começa em 2006. Ester, de Grazi Massafera, é uma guia de turismo que vive em Vila dos Ventos, uma cidade próxima a Natal, no Rio Grande do Norte. Desde a adolescência, ela vive uma bela história de amor com Cassiano, um piloto da Força Aérea Brasileira, interpretado por Henri Castelli. “É, sem dúvida, uma das novelas mais divertidas da minha carreira. Gosto dessa mistura de ação e maresia que o Negrão sabe fazer tão bem”, elogia Castelli. O casal nem desconfia que Alberto, melhor amigo de Cassiano, interpretado pelo então estreante Igor Rickli, também é apaixonado pela mocinha. Disposto a separar os dois, o vilão pede ao amigo para entregar uma suspeita encomenda de diamantes na Guatemala. Na verdade, o mocinho acaba caindo em uma armadilha e é preso por um chefe da máfia local. No Brasil, Ester descobre-se grávida e fica desesperada com a suposta morte do amado. Esperto, Alberto aproveita a oportunidade para consolá-la e, mesmo sem que ela o ame, os dois acabam se casando. “Estou muito feliz de poder rever essa novela. Eu tinha acabado de ser mãe e foi um trabalho que me exigiu muito. Agora, vou poder acompanhar os capítulos mais tranquila e ao lado da minha filha, que tinha apenas um ano na época das gravações”, relembra Grazi.
Sete anos depois, Cassiano consegue fugir do cativeiro e volta à Vila dos Ventos disposto a reconquistar sua amada e fazer justiça contra Alberto, que está cada vez mais poderoso à frente dos negócios de sua família. Antes governada por seu avô, o prepotente Dionísio, de Sérgio Mamberti, a fortuna da família tem origem escusa e ligações com o nazismo. No desenvolver da história, descobre-se uma traumática relação entre Dionísio e o judeu Samuel, pai de Ester, interpretado por Juca de Oliveira. “Estava estreando na tevê e lembro com alegria do carinho com que fui recebido por todos. Alberto foi ganhando contornos mais densos ao longo dos capítulos e se tornou aquele tipo vilão que todo ator quer fazer. Foi um grande privilégio”, valoriza Rickli. Outros tipos se destacaram ao longo da exibição de “Flor do Caribe”, como Veridiana, de Laura Cardoso, matriarca que simbolizava a força da mulher nordestina. Além da romântica Taís, de Débora Nascimento, e a misteriosa Guiomar, de Cláudia Netto.
Fã das tramas praianas de Negrão, o diretor Jayme Monjardim queria locações diferentes e marcantes na região do Caribe. Tudo para fazer jus ao título. “Pesquisei diversos países e fui surpreendido pela Guatemala, um local de belas paisagens e que ainda não é tão explorado pelo audiovisual”, conta Monjardim, que lembra com orgulho das cenas realizadas em pontos turísticos como o Vulcão Pacaya, as cidades de Tikal, Lago Izabal e Semuc Champey. No Brasil, a região escolhida foi o Rio Grande do Norte, onde o diretor geral Leonardo Nogueira e uma equipe de cerca de 100 profissionais passaram 40 dias captando cenas que foram usadas ao longo dos 159 capítulos de “Flor do Caribe”. “Estava todo mundo muito animado em fazer a novela. Passamos por diversos lugares importantes do Rio Grande do Norte e o resultado estético ainda é impressionante para mim”, ressalta Nogueira. As gravações seguiram pelo Rio de Janeiro, onde a Globo montou uma realista aldeia de pescadores típica do Nordeste na bucólica área da Restinga de Marambaia, na Zona Oeste da cidade. O texto de Negrão, aliado ao capricho técnico da direção, logo surtiu efeito e a novela logo recolocou a faixa das seis acima dos 25 pontos no Ibope. “Essa mistura tem tudo para fazer sucesso de novo”, torce Monjardim.
Quem é quem
Núcleo de Cassiano
Cassiano (Henri Castelli) é um homem atraente, íntegro e de personalidade forte. De origem humilde, foi criado em meio a muitas privações, mas que, a custa de um grande esforço e perseverança, conseguiu realizar o seu sonho de menino e ingressar na Aeronáutica, onde é um dos melhores pilotos. Bom filho, ele ajuda seus pais Chico (Cacá Amaral) e Olívia (Bete Mendes) a terem uma vida um pouco menos sofrida. O mocinho também tem uma ótima relação com a irmã, Taís (Débora Nascimento). Simpática como convém a uma guia turística, a beleza lhe vale inúmeras cantadas da clientela masculina, mas ela sabe como ninguém, conter os avanços indesejados com diplomacia. Na Força Aérea, Cassiano é respeitado por seus colegas de trabalho e tem na figura de Rodrigo (Thiago Martins) um grande amigo. Ambos entraram na Aeronáutica juntos e adoram o cotidiano recheado de adrenalina da esquadrilha, cujo o grupo ainda conta com Ciro (Max Fercondini), Amadeu (Dudu Azevedo) e Isabel (Thaíssa Carvalho).
Núcleo de Ester
Ester (Grazi Massafera) é fruto do amor entre a cabocla Lindaura (Ângela Vieira) e o judeu holandês Samuel (Juca de Oliveira). A mocinha é do tipo que chama a atenção pela beleza e pela força de sua personalidade. No início da história, garante seu sustento conduzindo turistas em passeios de bugue pelas praias locais. Ama a atividade que exerce, debaixo do sol escaldante e travando contato com pessoas e culturas de todas as partes do mundo. Ela se prepara para seguir os passos do pai no ramo de design e fabricação de joias. Nascido na Holanda, Samuel está no Brasil desde os cinco anos de idade, foi no país que sua família encontrou abrigo após viverem os horrores da ascensão nazista na Europa. A mocinha está ansiosa para o dia de seu casamento com Cassiano, por quem é loucamente apaixonada desde a adolescência. O que ela não imagina é que seus planos de felicidade estão prestes a sofrer um grande abalo, pois Cassiano desaparece misteriosamente no Caribe. Um golpe que mudará completamente o rumo de sua vida e fará dela uma nova mulher. Após o sumiço de Cassiano, Ester casa-se com Alberto (Igor Rickli) e, aos poucos, começa a entender que os laços de sua família com o clã Albuquerque se iniciaram bem antes do que ela imagina.
Núcleo de Alberto
Alberto é um rico empresário que, no início da história, é alçado por Dionísio (Sérgio Mamberti), seu avô, à posição de presidente do holding da família Albuquerque, cujos negócios incluem a produção/exportação de sal e a mineração de tungstênio e diamantes. Um homem culto, atraente, simpático, de sorriso cativante. Um perfeito cavalheiro no trato social, em especial com as mulheres que gravitam ao seu redor. Toda essa polidez e simpatia escondem sua verdadeira face: a de um homem frio e inescrupuloso, capaz de cometer as maiores vilanias para conseguir o que quer. O dom da manipulação ele herdou de Dionísio. Quem vê o simpático e amável velhinho, nem imagina o quão tirano e implacável ele foi no passado. A riqueza da família vem de crimes graves de guerra, além do tráfico de pedras preciosas e trabalho escravo. Sua nora e mãe de Alberto, Guiomar (Cláudia Netto) ignora a origem do dinheiro que paga seus gastos excessivos e vive no eixo Paris-Nova Iorque. A casa da família funciona a partir dos serviços do casal Quirino (Aílton Graça) e Doralice (Rita Guedes). Ele é o faz-tudo da mansão e ela é governanta e cozinheira. Não são felizes no emprego, mas precisam do dinheiro para cuidar do sustento dos filhos Juliano (Bruno Gissoni) e William (Renzo Aprouch).
Fonte: Correiodoestado
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