11 jul 2022 às 10:46 hs
História: Rosa Celina precisou, literalmente, mudar o Judiciário de Coxim
(Foto: divulgação Ascom TJ-MS)

Dos seus 23 aos 52 anos de idade, Rosa Celina dos Santos Ocampos fez a vida no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul. A jovem paranaense deixou a casa dos pais em Arapongas no ano de 1986 para começar uma vida nova nas terras de Mato Grosso do Sul, mais precisamente na cidade de Coxim, local onde tinha um irmão. Hoje casada e mãe de um rapaz de 24 anos, ela recorda com gratidão toda sua trajetória de vida.

“Eu vim apenas com uma mala de roupa e minha máquina de escrever. No começo foi muito difícil. Não existiam as facilidades que têm hoje em dia para se comunicar. Para conseguir conversar com minha mãe só havia um posto telefônico, que você tinha que marcar horário para falar. Aí você podia fazer uma ligação de 15, 20 minutos, e toda vez que eu ia conversar com minha família, eu só chorava de saudades”, divide Rosa.

A jovem foi persistente no sonho de construir sua própria vida. Assim, em 1987 fez o concurso do TJMS e foi aprovada para assumir o cargo de Auxiliar Judiciário na 1ª Vara Cível e Criminal em janeiro do ano seguinte. Na época, o Fórum de Coxim funcionava no prédio que pertencia à Câmara Municipal, junto com a Promotoria e a Defensoria. “Eram só dois cartórios naquele tempo e tirando os escrivães que eram homens, todos os outros servidores eram mulheres. No meu cartório só tinham pessoas que não eram de Coxim”, lembra.

E foram essas mulheres que tiveram de fazer a mudança, quando a comarca ganhou seu prédio próprio. “Eles eram na mesma quadra. Um em uma esquina, o outro na outra. Cada funcionário levou seus pertences e seus processos nos braços para o prédio novo. As mesas maiores carregamos em dois e ainda tivemos que subir as escadas com elas, porque no começo ficamos instalados no segundo andar. O Judiciário naquele tempo não tinha toda a estrutura e pessoal que tem hoje”.

Ao longo de seu tempo de serviço, Rosa trabalhou em praticamente todo o Fórum de Coxim. Ela auxiliou na distribuição de processos e, posteriormente, no juizado especial assim que foi instalado pelo então Juiz Luiz Gonzaga Mendes Marques. Nessa mesma época, Rosa casou-se e teve um filho dois anos depois, quando já trabalhava na 2ª Vara Cível e Criminal.

“Depois disso, eu ainda substituí na Secretaria do Fórum e também na Contadoria, antes de voltar para o juizado. Mas passado um tempo, eu tive Síndrome do Túnel do Carpo e precisei operar. Quando fiz a cirurgia em um dos braços ainda continuei no cartório, mas depois de operar o outro braço, o médico disse que eu precisava mudar de serviço, não podia mais digitar tanto”.

Rosa foi readaptada e passou a prestar seus serviços novamente na Secretaria do Fórum, local onde trabalhou por mais quatro anos, aposentando-se no ano de 2018.

“De todo o tempo que eu trabalhei, uma das experiências mais marcantes foi quando o Desembargador Luiz Gonzaga, quando ainda era Juiz, me escalou para trabalhar no júri de um crime horrível em Coxim, que aconteceu em uma festa de fim de ano. Um homem bebeu muito e atacou com um facão várias mulheres, uma nas costas, e de outra cortou as duas mãos. Aí durante a sessão, o doutor falou para eu dar água na boca dessa mulher que perdeu as mãos. Foi algo muito forte para mim”.

Muitas outras memórias felizes da época de trabalho, no entanto, se sobrepõem a essa. Rosa conta dos laços fortes de amizade que se formaram entre os colegas mais antigos de trabalho, com quem mantém o vínculo e a convivência até hoje. “Sempre considerei meus colegas de serviço como minha família, afinal passava mais tempo no Fórum do que em casa. Além disso fazíamos várias festas na época do Dr. Clóvis Borborema Santana, na casa dele mesmo. Foi uma época tão boa que temos um grupo até hoje que nos falamos direto”.

Já há quatro anos aposentada, Rosa conta que resolveu desacelerar o ritmo que manteve durante toda a vida, pois além de ser servidora, ela sempre desenvolveu outras atividades concomitantemente, como costurar roupas e fazer comidas para vender.

“Eu aposentei para curtir minha aposentadoria. Quero viver sossegada e aproveitar para fazer coisas que não conseguia fazer quando trabalhava, como preparar o almoço para minha família. Já há alguns anos meus outros dois irmãos vieram do Paraná para Coxim também. Então a família está toda aqui. Além disso, faço meus cursos de artesanato, vou à igreja, enfim, estou aproveitando a vida!”.

Fonte: Ascom TJ-MS

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