Não é de hoje que plataformas digitais garantem um mercado de venda e assinatura de fotos de nuas e vídeos de conteúdo adulto, mas ele teve um crescimento exponencial na pandemia, reflexo do maior tempo em casa e abstinência sexual. Em Campo Grande não foi diferente, nos últimos meses mulheres investiram pesado na venda da própria imagem. A exposição virou lucro que garante, segundo elas, ter as contas em dia.
As facilidades da internet são o que mudaram esse mercado. Quem vive da imagem ou a usa para renda extra procura trabalhar o que chamam “atendimento personalizado”, não para clientes, mas para homens e mulheres “apoiadores” do conteúdo. Por isso, investem cada vez em locações e fotografias profissionais. Uma parte esconde o rosto, mas há quem se revele por inteira.
Sites especializados, que contam com preços para assinatura de fotografias explicitas diárias ou semanais, são algumas das ferramentas usadas por elas. Mas o WhatsApp e o Instagram ainda são os recursos mais cogitados, pelo menos por aqui.
Há cinco anos no mercado da fotografia, a acadêmica de Geografia Andressa Melo, de 26 anos, é enfática: “O que mais me surpreendeu é que esse negócio dá dinheiro e eu não tinha pensado nisso antes”, ri.
Ela passou a trabalhar com a venda da própria imagem há poucos meses, depois de iniciar um projeto de fotos sensuais femininas para fortalecer o empoderamento da mulherada. Assim que conheceu as plataformas digitais para venda dos conteúdos investiu, e afirma que o negócio ajudou no orçamento de muitas meninas desde o início da pandemia.
“Hoje eu tenho um grupo de modelos que ganham uma grana legal com isso. Tem menina que é dançarina e ficou sem emprego. Outra que tem o próprio negócio, mas viu o movimento diminuir, outra que foi demitida. Então o que trouxe fôlego para as meninas foi esse trabalho que começamos a desenvolver”, diz Andressa.
Dinheiro extra – Poucas mensuram o lucro mensal. Segundo elas, o preço varia de acordo com o conteúdo. Ganha mais quem investe no conteúdo personalizado. Tem cliente exigente, que pede fotos com pose específicas ou revelam nos pedidos os fetiches por pés, axilas e outras partes do corpo.
As fotos campeãs são as deitadas de perna aberta ou de quatro. Vídeos de três minutos de masturbação ou de brincadeiras com acessórios eróticos também bombam entre os seguidores. Muitos pedem fotos em tempo real: no trabalho, no banheiro da academia ou carro. Há quem cobre, por exemplo, R$ 17,00 por uma foto e R$ 45,00 por um vídeo. O valor que parece barato supera pela quantidade vendida. Mas cada menina estipula o seu valor e abusa da criatividade para aumentar as vendas.
Para uma biomédica, de 24 anos, o negócio também virou renda extra nos últimos meses. “Pago a escola da minha filha, a prestação da casa, a parcela do carro e ainda dá para fazer investimento. É um trabalho rentável”, diz.
No caso dela, o investimento na venda não surgiu pelo dinheiro, mas pela autoestima. “Comecei a fazer fotos sensuais para resgatar minha autoestima. Foi tudo pelo empoderamento feminino. Hoje me reconheço com uma mulher foda. E podem tentar me diminuir, mas não vão conseguir. Isso me traz um conforto pessoal e me ajuda emocionalmente. Por isso, não tenho vontade de parar”, afirma.
Tais, de 30 anos, é casada, mãe e tem uma empresa de eventos. Ela deixou a timidez de lado para se dedicar aos nudes. Também entrou na venda de fotos e já tem no Instagram e nas plataformas digitais sua principal fonte de renda extra.
“Tem sido incrível. Faço conteúdos mais personalizados para garantir as vendas. Muitos pedem conteúdos inéditos”, diz Tais, que usa nome fictício para não ser identificada.
Hoje ela lucra aproximadamente R$ 1,8 mil com as fotografias, que são feitas com fotógrafos profissionais, como a Andressa, ou em casa com ajuda do maridão, que apoia o investimento desde o início. “Quando contei pra ele achou o máximo e meu deu apoio. Hoje ele investe comigo em locação, foto, lingerie e ama minhas fotos”.
Atualmente modelo fotográfica, dançarina de banda show e promotora de eventos, Liliane Cristina Silva dos Santos, de 24 anos, hoje paga as contas com a venda das fotos. Ela aderiu a produção de conteúdo adulto na pandemia quando ficou sem trabalho.
“Hoje é uma das minhas maiores rendas e com um retorno rápido. Quando Andressa me apresentou as plataformas eu gostei da ideia. Sempre tive esse talento para o lado artístico e só agreguei a experiência”, explica.
Autoestima lá em cima – Para todas as entrevistas há um aspecto em comum nas vendas de nudes. Todas dizem que as fotografias fortalecem a autoestima e também virou ferramenta para desmitificar o nu.
“O projeto tem uma diversidade de mulheres e cada uma com sua particularidade”, diz Liliane. “Mexeu muito com minha autoestima. Eu comecei academia e não parei mais, me senti mais vaidosa, comecei a me amar mais e respeitar o meu próprio corpo. Afinal, não tenho mais o corpo de uma menina de 20 anos, mas me sinto feliz”, acrescenta Tais.
O lado de difícil – Tabu e preconceito são os maiores desafios das meninas no dia a dia. Andressa por exemplo teve de enfrentar a resistência de alguns familiares quando descobriram que ela vendia sua própria imagem. “Isso foi bastante complexo, precisei lidar com isso na minha família. Mas hoje meus pais sabem e eu não escondo de ninguém. É o meu trabalho”.
Liliane também expõe as tentativas de ofensas e os pedidos para prostituição. “O maior absurdo é as pessoas associarem a venda de conteúdos com fazer programa ou ser acompanhante. A primeira pergunta que me fazem logo após perguntarem das vendas é se eu faço programa também ou atendo particular”, conta.
Outros tentam desvalorizar tentando impor um novo preço ou chegam no direct despejando palavrões. “Mas hoje em dia é fácil bloquear, então eu nem discuto, apenas bloqueio e sigo com o meu trabalho”, finaliza Tais.
Fonte:Campograndenews
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